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27/08/2011 / nolimiar

Alfabeto

Inventado pelos gregos há mais de 2500 anos, o alfabeto levou dois mil anos para começar a ser difundido através da imprensa e do livro no começo da era moderna, e mais 500 para produzir plenamente seus efeitos universais, democratizantes, individualizantes, hoje espalhados na Internet. O truque dessa lenta e inexorável invenção é relativamente simples: os gregos aperfeiçoaram a escrita fenícia introduzindo a representação das vogais, e assim puderam não só fazer uma transcrição fonética precisa de sua própria língua mas também das outras, permitindo, pela primeira vez na história, que elas fossem traduzidas.

Foi esse germe de universalidade que levou o alfabeto a se impor. Ao contrário de uma escrita como a chinesa, que requer a atenção para o seu aspecto gráfico, ele foi inventado para ser apenas um instrumento neutro e eficiente de leitura. Ou seja: a transparência funcional do alfabeto acarretou uma cegueira para a dimensão estética dos signos, o que os meios audiovisuais da atualidade buscam de algum modo compensar, sem deixar de reafirmar sua hegemonia. São ideias que me vieram a propósito da leitura de A revolução da escrita na Grécia de Eric Havelock (UNESP/Paz e Terra, 1996), estudo esclarecedor que recomendo para quem quiser se aventurar nas origens dessa matriz tecnológica.

One Comment

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  1. Flavio Wolf de Aguiar / ago 28 2011 12:59

    Instrumento~Neutro~Transparência~Funcional~
    Seguindo tua importante lição sobre a liberdade do til, separo estas palavras em sua própria dimensão. Depois do Funcional de nossa Era, o que virá?
    O disfuncional? Diz-funcional?
    Podemos dizer qq coiza, e acim, se kizermos.
    Cual a diferensa?
    Qomo dizia Drummond, naqele Maio (68) Qorpo Santo é qem tinha razão…
    Maravilha teu pensamento.
    Ou será Maravília?
    Flávio

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