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19/10/2010 / nolimiar

Lampejos de Paris

Ocupado ultimamente em traduzir novelas policiais de Georges Simenon para a editora L&PM, sinto-me transportado, no meu cotidiano, ao espaço imaginário de Paris, cidade onde estive só uma vez, por poucos dias, em 1972. E isso através de lampejos, de menções de lugares, de rápidas descrições da paisagem e do clima. São detalhes de uma vida física e corporal que se conservaram como vestígios na minha lembrança da cidade. Nas novelas de Simenon, que se aprofunda no cotidiano através do olhar distanciado e compassivo do comissário Maigret, Paris é a personagem sem história na qual se depositam todas as histórias.

One Comment

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  1. Flavio Wolf de Aguiar / out 21 2010 20:29

    Para mim, nada se compara à Paris que descobri ao ler Os Miseráveis, de Victor Hugo. A legendária viagem pelos esgotos da cidade me transportou ao mítico labirinto de Creta, onde voltaria a me perder neste 2010, no romance de Lawrence Durrell, The Dark Labyrinth. Li e tresli o romance de Hugo, sempre me perdendo noi mesmo labirinto. Acho que nunca sairei dele, porque muitos de meus heróis literários lá me levam: Dumas, Stendhal, Balzac, porque uma cidade pode ser melhor personagem do que seres humanos. Uma cidade como Paris pode ser Sibila e Minerva, Ártemis e Joana D’Arc, Marguerite Gauthier e Madame Bovary, e, na melhor das hipóteses, nos devorará, como um romance apaixonado devora as palavras dos amantes.

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